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50 anos após o artigo de Milton Friedman: bem-vindo a nova era ESG

50 anos após o artigo de Milton Friedman:  bem-vindo a nova era ESG
Oct. 27 - 4 min read
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Leonardo Alvares, do Grupo Jurídico Sistema B Brasil, destaca por que as empresas começaram a desenhar práticas e ferramentas com  foco em aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa - ESG.

 

Muito se falou nos últimos dias sobre o aniversário do texto seminal de Milton Friedman: "A Responsabilidade Social das Empresas é Aumentar os Lucros". O título contundente não é por acaso, em suas seis páginas, o Nobel de economia critica a chamada "Doutrina da Responsabilidade Social", que ele considerava "fundamentalmente subversiva". 

O artigo se desenvolve em duas linhas: a primeira, dirigida aos administradores de empresas, critica o compromisso que muitos assumiam com a responsabilidade social. Segundo Friedman, ao fazer isso estariam descumprindo seu dever de realizar uma gestão eficiente e gerar lucro; a segunda, dirigida aos chamados "acionistas ativistas", se contrapunha às posições de alguns grupos de acionistas minoritários, que incentivavam a adoção de práticas de responsabilidade social pelas empresas nas quais detinham participação societária.

Estes últimos, segundo Friedman, embora tivessem o direito de cobrar condutas das companhias, estariam incentivando ideologias de aversão ao lucro e contrárias à livre iniciativa, o que seria pernicioso para a sociedade como um todo. 

Passados 50 anos deste importante artigo, vemos como o avanço da lógica do lucro e da livre iniciativa impactaram o mundo. Houve uma redução substancial da pobreza e crescimento econômico em larga escala, e a criação de um ambiente de incentivos sem precedentes para o desenvolvimento de novas ideias e soluções. É uma verdadeira vitória da lógica que Friedman pregou em seu texto. 

Porém, tal desenvolvimento não veio sem um preço. Vivemos uma crise climática global, com incêndios florestais que vem quebrando recordes consecutivos nas Américas, furacões e tempestades incomuns atingindo a Europa e o Oriente Médio, e até mesmo pragas que afetaram o Oeste da África e a América do Sul. Somado a isso, a maior transparência, trazida pelos avanços tecnológicos, expuseram grandes falhas de nossas sociedades em proporcionar oportunidades iguais para todos, trazendo grande comoção popular e eclosão de crises políticas e sociais que estavam adormecidas. 

As empresas não são menos afetadas do que o resto da sociedade no desenrolar destas dinâmicas. E para enfrentar os desafios, criaram diversas ferramentas, como a análise de empresas com foco em aspectos ambientais, sociais e de governança corporativa - também chamada ESG -, certificações de práticas de sustentabilidade, além de novos padrões contábeis para medir e correlacionar as práticas das empresas com o impacto e o retorno gerado.

 

Essas novas ferramentas são respostas aos problemas que enfrentamos em nosso século e acabam alterando a forma como investidores avaliam as empresas. Como ver valor, no longo prazo, em uma companhia que não protege o meio ambiente e as comunidades nas quais atua?

 

A história nos mostra que a habilidade de uma organização se adaptar e prosperar no longo prazo é intimamente relacionada com a forma como ela se posiciona em seu ambiente

Ainda é cedo para dizer, em definitivo, o valor a ser revelado por essas ferramentas, tanto em retorno financeiro, quanto em impacto social e ambiental, porém, uma coisa é certa, diferente das métricas financeiras, elas apenas fazem sentido quando são analisadas em uma perspectiva de longo prazo.

 

Não há como mensurar impacto sem ter em mente um horizonte de anos e décadas, e não trimestres. 

 

Hélio Beltrão, em sua coluna comemorando o aniversário do mesmo artigo de Friedman, concluiu que sustentabilidade é fazer as empresas durarem 500 anos. Seria muita pretensão nossa dizer qual será essa companhia, mas de uma coisa estamos certos: independente do ramo em que atue, esta empresa será muito bem avaliada nos critérios ESG

 

 

Você tem uma experiência sobre esse assunto e quer compartilhar com outros líderes? Clique aqui e escreva seu artigo!

Ou se inspire com esses outros artigos incríveis sobre o tema:

O que é ESG?, por João Paulo Pacifico, CEO do Grupo Gaia.
ESG: passe de mágica ou comprometimento de longo prazo?, por André Czitrom, empreendedor social e CEO da Magik JC.

 


Leonardo Alvares é advogado, formado pela Universidade de São Paulo, membro do Grupo Jurídico B, atua na área Empresarial e de Sustentabilidade.  

 

 


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