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Agenda 2030: O ODS zero e o nosso legado

Agenda 2030: O ODS zero e o nosso legado
Marco Gorini
Oct. 22 - 7 min read
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Que tipo legado seremos capazes de deixar? Marco Gorini, sócio-fundador da Din4mo, Empresa B, traz reflexões sobre o assunto.  

LEGADO – do Latim LEGATUM – O que deixamos em TESTAMENTO. Uma palavra que nos remete a perenidade, ao infinito, à história da nossa vida, e A DEIXAR ALGO. Não há tempo a perder. 

NOAH HARARI, que escreveu SAPIENS - Uma breve história da humanidade, fala algo muito interessante sobre a natureza humana. Milhões de anos atrás existiam 6 espécies humanas e então chegou o Sapiens que, basicamente devido a sua capacidade de colaborar, cooperar e aprender junto, dominou todas as demais, que foram extintas. 

Dando um salto de milhões de anos e observando os riscos crescentes de ruptura irreversível dos ecossistemas ambientais e sociais, algumas perguntas emergem: O que perdemos no caminho? O que precisamos observar nos nossos ancestrais para beber da fonte e corrigir a rota? Qual o nosso papel como protagonistas do futuro?

Compartilho algumas reflexões, especialmente conectadas ao comportamento humano no contexto das Organizações, que podem contribuir para essa questão. 

REFLEXÃO 1

Qualquer empresa pode ser classificada de acordo com a forma como ela se relaciona com o seu ecossistema, com o seu contexto de existência, com todos os seus stakeholders. Vamos chamar isso de MATURIDADE RELACIONAL. Quanto mais TRANSACIONAL for a empresa, menor a sua maturidade. 

Se analisarmos a história sob essa perspectiva, veremos basicamente três tipos de empresa. Aquelas orientadas a PRODUTOS, aquelas orientadas a MERCADO e aquelas orientadas a VALORES, CULTURA, PESSOAS E CAUSAS. Empírica e intuitivamente, sinto que quanto mais orientada a produtos, menor a maturidade e quanto mais orientada a valores, cultura e causas, maior a maturidade relacional.

 

Acredito que serão as organizações de elevada maturidade relacional as que sobreviverão e terão a capacidade de deixar um legado. 

 

REFLEXÃO 2

Não adianta haver conceito se não há EVIDÊNCIAS PRÁTICAS.

Grandes organizações e grandes investidores tem uma imensa capacidade de influenciar suas cadeias, seus ecossistemas e territórios, que é onde se constroem as evidências.

REFLEXÃO 3

Ao observarmos evidências, é importante entendermos que elas são a camada aparente. Por trás delas, sempre há DESAFIOS que foram superados para viabilizá-las e materializá-las.

 

O desafio de inovar para construir uma nova forma de relacionamento com os stakeholders precisa ser considerado prioridade zero. O ponto é que na maioria das grandes organizações, há anticorpos bem nutridos, conscientes ou não, contra as inovações.

 

REFLEXÃO 4

Por trás dos desafios a serem superados, há LIDERES e TIMES SINGULARES que lutam batalhas grandes para viabilizar as soluções inovadoras e as transformações necessárias.

É sobre esta última reflexão que desejo me aprofundar. Sempre tive enorme curiosidade sobre o que move esses líderes e o que os diferencia e quero dividir com vocês o que aprendi empiricamente observando sobre esses times ao longo dos anos, como empreendedor e investidor.

Particularmente e sem nenhum fundamento científico comprobatório, tenho a impressão que encontrei um “padrão” de como essas pessoas lidam com quatro verbos nas suas vidas. Me parece ser um padrão sobre a consciência que as mesmas tem em relação a esses quatro verbos e vou chamar esse padrão de ODS ZERO.

Mas vamos aos verbos:

Primeiro verbo. PODER

Esses times não hesitam em usar o poder que possuem para atingir os seus sonhos utópicos. 

Quanto são os que possuem o privilégio de ter poder econômico, social, cultural, político no nosso mundo? Talvez 1% da população?  Setenta milhões de pessoas ao redor do mundo? Dois milhões de pessoas no Brasil? E se forem 10%, 30%, 100%!!!!! Imaginem o potencial catalizador se essas lideranças elevarem o nível do seu ODS ZERO! 

As perguntas estruturais aqui são: O que estou fazendo com o poder, os dons e talentos que tenho? A que exatamente sirvo? Se temos o PODER, o que nos impede de FAZER?

Segundo verbo. SABER

Esses times buscam o conhecimento como fonte continua de inovação e não aceitam o “não sei” como resposta.

Ao entrarmos no google, podemos rapidamente encontrar informações espetaculares sobre qualquer coisa. Navegamos por assuntos de toda ordem, como biotech, nanotech, IOT, IA, neurociência, passando por derivativos financeiros, filosofia profunda, alquimia. Há infinitas possibilidades. 

As perguntas estruturais aqui são: Como podemos acreditar que não somos capazes de acabar com a pobreza, a extrema desigualdade, a fome, os efeitos climáticos? Que estória da carochinha é essa que nos contam e a quem serve? Qual o sentido do Saber se ele não é aplicado na construção de um mundo mais inclusivo, equitativo e regenerativo? 

Terceiro verbo. QUERER

Esses times tem clareza sobre o seu propósito e buscam diariamente garantir que há INTEGRIDADE, COERÊNCIA E CONSISTÊNCIA entre esse propósito e as escolhas que fazem.

As escolhas que fazemos são os rastros da nossa real intenção. Tudo na vida é fruto de escolhas. A empresa, como a sociedade, é um produto das nossas escolhas. Não é algo dado ou natural, portanto, pode ser mudado a partir de escolhas novas.

A pergunta estrutural aqui é: Como podemos estar sensíveis e comprometidos o suficiente para não aceitar o inaceitável e nos comprometermos com as escolhas transformadoras?

Quarto verbo. DEVER

Esses times são totalmente conscientes, protagonistas e inclusivos nas escolhas das suas próprias responsabilidades. Se veem como parte da sociedade e do planeta e cocriadores da realidade. Eles chamam a responsabilidade por algo que vai muito além de cuidar de si e dos seus interesses. Fazem porque sentem e sabem que é um dever fazer.

A pergunta estrutural aqui é: O que é de fato minha responsabilidade no mundo?

PODER. SABER. QUERER. DEVER.

Por fim, a forma como conjugamos e sincronizamos esses quatro verbos nas nossas vidas define quem SOMOS e talvez seja o verbo maior: SER. Esse SER que nos tornamos é o único CAPAZ DE DEIXAR UM LEGADO.

A mudança necessária para evoluirmos no ODS ZERO começa na primeira milha, nos 30 cm entre o cérebro e o coração. Significa ficarmos diante dessas perguntas todas as manhãs e trabalharmos para fazermos as escolhas e renúncias adequadas para que, ao fim do dia, possamos sentir que houve integridade, coerência e consistência entre o que PODEMOS, SABEMOS, QUEREMOS E DEVEMOS fazer, dado o nosso propósito. Não tenho a menor dúvida de que ao fazer isso, todos somos capazes de sentir que ESTAMOS CONSTRUINDO UM LEGADO, INSPIRANDO, e alcançando na verdade a FELICIDADE E A REALIZAÇÃO.

Propósito traz significado e significado dá sentido. Apenas quando encontramos sentido, nos sentimos empoderados e realizados verdadeiramente.  

Finalizo deixando o convite para você pensar no legado que você deseja deixar.

 


Você tem uma experiência sobre esse assunto e quer compartilhar com outros líderes? Clique aqui e escreva seu artigo!

Ou se inspire com esses outros artigos incríveis sobre liderança:

Líderes tóxicos, Você conta ou eu conto?, por João Pacifico, CEO do Grupo Gaia.
A nova liderança exige uma reforma íntima, por Sofia Esteves,  Fundadora do Grupo Cia de Talentos/Bettha. 


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