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Amar é um bom negócio

Amar é um bom negócio
Dec. 24 - 5 min read
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 Joana Mello, sócia-fundadora da Editora Voo, Empresa B, conta como está redefinindo o Capitalismo em seus negócios.

Desde o começo de nossa empresa, Editora Voo, há sete anos, o AMOR sempre foi um valor de destaque no nosso negócio. Talvez porque somos uma empresa feminina, formada por três sócias, isso nunca nos causou nenhum estranhamento. Pelo contrário, sempre fez muito sentido. 

Nos últimos tempos, todavia, tenho percebido que mesmo as empresas mais racionais e estruturais estão se abrindo a ideia de o amor permear as suas decisões. Não me entenda mal, não falo aqui de que as decisões sejam baseadas em emoções tão somente, mas que, no fim, é ele, sim, que faz tudo valer a pena. 

Recentemente, mesmo antes da pandemia da Covid-19, vimos grandes players de mercado se posicionarem a favor de negócios de propósitos, de negócios com atuações conscientes. Vimos isso na carta aos clientes da BlackRock no final de 2019 que ficou famosa ao colocar a sustentabilidade como o novo padrão de investimento. Logo em seguida, em janeiro de 2020, o Fórum Econômico Mundial em Davos, enfatizou a mesma ideia. O fundador e CEO da Salesforce.com, Marc Benioff, foi entre os mais enfáticos no evento. Segundo o executivo, "o capitalismo como o conhecíamos está morto. Nossa obsessão em maximizar lucros apenas para os acionistas levou a uma desigualdade incrível e a uma emergência planetária".

Em meio à pandemia, estamos assistindo a empresas do mundo inteiro se unirem em busca de uma economia regenerativa e da diminuição das desigualdades. Movimentos como o RESET, Redefina o Capitalismo, e Imperative 21 estão ganhando destaque nos noticiários por todo o globo. 

 

Quando olhamos para o capitalismo de stakeholders, em que todos envolvidos no nosso negócio são considerados – não apenas os investidores – o amor pode e deve, na minha opinião, permear todas as decisões. 

 

Começando pelo produto ou serviço de um negócio, em um capitalismo regenerativo, o vínculo entre o que a empresa produz e o seu propósito, sua razão de existir, são essenciais. Há sentido em fazer o que se faz, há amor na dedicação que se coloca na prestação daquele serviço. 

Os clientes percebem e valorizam esse propósito. Além disso, são tratados com respeito, com a verdade. A transparência é um fator essencial nesta equação.

Na escolha e no tratamento de seus fornecedores, a decisão não se baseia mais somente no menor custo e no maior benefício. Essa escolha aborda a diminuição de desigualdades sociais? Beneficia determinada comunidade que precisa de mais apoio? O meu fornecedor é também um negócio consciente? Na Voo, por exemplo, trabalhamos apenas com gráficas que utilizam materiais ecológicos e que fazem a compensação de carbono de suas atividades. Além de utilizarmos apenas papéis certificados, cuja origem é toda rastreada. A questão do impacto ambiental é uma preocupação constante. Nós já reduzimos à totalidade o uso de plástico em nossas embalagens e priorizamos os fornecedores mais próximos para diminuir a emissão de CO2 de nossa cadeia. É a expressão do amor ao nosso planeta, à nossa e à próxima geração. 

A relação com nossos colaboradores deve ser extremamente respeitosa, humana e empática. Estimulamos a autogestão, a auto responsabilidade. Pois enxergamos que há muito mais alegria e realização quando um colaborador atua com todo seu potencial, não apenas como um robô. E ele é reconhecido por isso. Por sua vez, ele fica cada vez mais envolvido, mais fiel a nossa empresa. 

Abraçamos também a nossa comunidade. Desde o nascimento do nosso negócio, buscamos uma forma de aliar a sua sustentabilidade financeira ao exercício de uma contrapartida social. Como nosso negócio é todo atrelado a acreditar no poder de transformação da leitura, hoje, trabalhamos literatura com detentos. Na esperança de que alguns ali sejam tocados e transformados pelos livros, como nós mesmas o somos. 

E, por fim, o lucro, visto como uma consequência maior de um trabalho sério, mas permeado de amor. Para ser sincera, não é fácil ou simples, ser um empresário no Brasil. A sensação é que a todo momento temos que estar com a mão no negócio, senão ele se desmorona. E é aí, neste ponto, que o amor faz o seu maior efeito. É ele que nos mantém, nos coloca diariamente nesse processo de empreender. E os seus frutos vêm: a qualidade de vida, o sentido no seu trabalho, a fidelidade daqueles que estão junto de você nessa caminhada. Marque minhas palavras, o AMOR, como valor empresarial, estará cada vez mais em voga, enquanto caminhamos para esse despertar que 2020 trouxe com tanta força. Por um novo capitalismo, reinventado.

 


 Joana Mello é sócia-fundadora da Editora Voo, uma Empresa B Certificada. Na Voo acreditamos que livros mudam pessoas e pessoas mudam o mundo. Além disso, hoje, é diretora da Câmara Mineira do Livro e atuante no Círculo dos Advogados B - MG, que buscam um alinhamento de políticas públicas para negócios de impacto.  

 


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