Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários
BACK

Transformação organizacional e sustentabilidade

Transformação organizacional e sustentabilidade
Luiz F G Beltrami
Jan. 8 - 10 min read
000

Mudar é questão de sobrevivência, mas por onde começar? Luiz Beltrami, Fundador da 4D Sustainability, destaca 5 pontos essenciais para a transformação organizacional das empresas. 

 

Transformação organizacional é um dos assuntos da vez no mundo dos negócios. Muito por conta da digitalização, urgente devido à necessidade de isolamento e distanciamento social, mas também porque a sociedade e o planeta já dão claros sinais de que o nosso “modelo padrão” não é sustentável.

desigualdade social e as mudanças climáticas são possivelmente os principais fatores que nos mostram as falhas de um sistema econômico baseado no retorno financeiro em curto prazo para os acionistas (shareholders), algo ainda mais visível durante a pandemia. Por outro lado, o chamado Capitalismo de Stakeholder (que busca a geração de valor para todas as partes interessadas, incluindo a sociedade e o planeta) parece estar funcionando.

De acordo com a JUST Capital, as empresas líderes em seu ranking, que mede questões sociais e ambientais, performaram melhor que as demais durante a crise e agora durante a recuperação. Outro dado relevante: uma pesquisa realizada pela IBM em parceria com a National Retail Federation (NRF) em janeiro deste ano revelou que 57% dos consumidores estão dispostos a mudar seus hábitos de compra para ajudar a reduzir o impacto ambiental negativo.

 

Mudar, portanto, é questão de sobrevivência. Mas aí é que vem a pergunta: por onde eu começo?

 

Dar o primeiro passo nem sempre é fácil, considerando principalmente a realidade das pequenas e médias empresas onde a operação tem grandes chances de engolir todo o resto. Aliás, esse é o motivo do próprio surgimento da 4D Sustainability Canvas

Se você está aí pensando em como começar, espero que esse post possa ajudar. Nele, elencamos 5 pontos essenciais para que você comece sua caminhada e aumente suas chances de sucesso. Vamos lá?

De cima para baixo, de baixo para cima…

A colaboração e o senso de propriedade e responsabilidade são fatores que podem fazer total diferença nos resultados de um processo de transformação organizacional. O desafio é criar um ambiente que favoreça as duas coisas.

O ponto é que um processo de transformação organizacional dificilmente vai ter sucesso se ele parte da diretoria e é “empurrado” para o restante da companhia. O famoso “top down” gera resistência e perde ao não dar voz a quem talvez tenha muito a acrescentar: as pessoas que estão na base da pirâmide, envolvidas diretamente na operação, próximas dos problemas, mas também das soluções.

 O inverso também é verdadeiro. Muitas vezes, a depender do contexto da empresa, iniciativas de transformação podem partir de diversos setores, mas elas só vão se sustentar e durar no longo prazo se houver apoio da liderança de modo que as pessoas se sintam ao mesmo tempo seguras e empoderadas para levá-las adiante. Esse fator, aliás, é fundamental para que, como citei acima, a operação e as atividades do dia a dia não tomem conta de todo o tempo das pessoas envolvidas, relegando os projetos voltados à sustentabilidade e à geração de impacto positivo para o segundo plano. O que nos dá um excelente gancho para o próximo tópico.

… e por todos os lados!

Pessoas foto criado por 8photo – br.freepik.com

Não é raro que a sustentabilidade seja assunto de um departamento específico ou, até mesmo, de uma única pessoa, no caso das pequenas e médias empresas. Em uma conversa (que você confere mais abaixo), uma amiga, a Ana Tomasini, que é Head de Impacto Socioambiental do Nex Coworking, contou um desejo que, apesar de estranho, fez todo o sentido: que, em algum tempo, a função dela – e talvez ela mesma – deixasse de “ser necessária” dentro da empresa. Visão que compartilho e inclusive direciono à própria 4D Sustainability Canvas. Explico: A partir do momento em que a responsabilidade pela estratégia de sustentabilidade de um negócio deixa de fazer parte do “job description” de uma pessoa (ou grupo de pessoas) e é algo compartilhado por toda a organização, transversalmente, a necessidade de se haver alguém com foco somente nisso deixa de existir.

Claro que isso não é um trabalho que acontece do dia para a noite. É preciso dedicação e seriedade para a formatação de uma estratégia claracom indicadores (KPIs) relevantes e bem definidos para todo mundo que trabalha na organização. Esse é, inclusive, o caminho indicado no próprio SDG Compass, guia desenvolvido originalmente pela Global Reporting Initiative (GRI), UN Global Compact e World Business Council for Sustainable Development (WBCSD). Quando todos os negócios incorporarem essa visão, a 4D também pode tranquilamente deixar de existir. Ansioso por esse dia!

Essa transversalidade, somada à colaboração e o senso de responsabilidade compartilhada comentados antes, tornam a sustentabilidade assunto de todos e parte intrínseca da cultura da empresa. E isso, sem dúvida, coloca a organização no caminho para uma transformação organizacional bem sucedida.

Guia, mapa e boa companhia

Algumas coisas ajudam a trazer mais segurança e conforto em uma viagem, ainda mais para um destino desconhecido. Por exemplo, se você puder contar com um ou uma guia, que te ajude a evitar riscos desnecessários, um mapa que te dê informações importantes sobre onde você está e seus itinerários, além de companhias agradáveis, com mais bagagem, imagino que sua experiência terá mais chances de ser bem sucedida, certo?

Pois saiba que você tem um excelente guia para sua jornada de impacto: Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Quando retificados pela ONU, em 2015, os ODS traziam como diferencial (frente a outras iniciativas do tipo, como os Objetivos do Milênio) o fato de que incluem as empresas como peça fundamental para a resolução dos desafios do desenvolvimento sustentável.

 

Enquanto se mostram dependentes dos negócios para serem alcançados, os ODS são, também, um guia para organizações que desejam se preparar para o futuro.

 

Por aqui, usamos como metáfora a imagem do farol que aponta o caminho mais seguro para as embarcações, distante dos riscos. Da mesma forma, os 17 Objetivos foram criados para colocar governos e empresas numa mesma direção, distantes dos riscos de um futuro insustentável para todos, resultado das mudanças climáticas e do caos social.

Com esse olhar, e partindo de um mapeamento sobre o estágio atual da empresa, é possível traçar uma rota segura e com garantia de que você e sua empresa poderão chegar aonde querem. No meio disso, claro, é aconselhável, se necessário, contar com a ajuda de especialistas, como os que você encontra na comunidade Futuros Coletivos, que podem acompanhar o processo de transformação organizacional e contribuir com bagagem e experiência.

Transparência e Coerência

Photo by Markus Spiske on Unsplash

Quando falamos em Governança e questionamos, por exemplo, quais são as políticas e de que forma uma empresa pretende reportar seus avanços relacionados à sustentabilidade e impacto positivo, o que queremos saber, na verdade, é quão sério é o compromisso. Com isso, evitar práticas como o “Green Washing”, ou o famoso “pra inglês ver”. Mas não só!

A criação de políticas e a comunicação dos resultados ajudam a criar benchmarks, pontos de referência para o mercado, e servem de inspiração para outros. Além claro, de estabelecer uma relação de confiança entre a empresa e todas as partes interessadas.

A criação de políticas é relevante, também, por outro motivo: a partir delas, independe-se dessa ou daquela pessoa. Uma prática (ex: processo seletivo inclusivo, gestão de resíduos) não acontece porque alguém faz assim, mas porque faz parte da cultura e das políticas da empresa. Evita-se assim que, mesmo caso as pessoas deixem a empresa, o processo retorne a um patamar anterior. E assim chegamos ao último ponto…

Um dia de cada vez

É como eu disse no início, mudar é questão de sobrevivência, seja pelo coração, por acreditar que um novo tipo de negócio é necessário, seja pela pressão que o mundo lá fora já exerce sobre as empresas para que mudem e acompanhem as demandas da sociedade. 

Só que mudar não é fácil. Se já é um desafio quando se trata de algo pessoal, algum hábito que queremos deixar de lado ou mesmo adquirir (uma rotina de exercícios, por exemplo), o que dizer de uma empresa, com diferentes visões e jeitos de pensar convivendo em um mesmo espaço, tendo que se alinhar e seguir numa mesma direção?

Tropeços podem, e vão, acontecer. Nem sempre as coisas vão acontecer como você espera. E, principalmente, no tempo que você espera. Mudar não é fácil… E pode demorar mais do que gostaríamos. Mas é preciso persistir. Quanto mais essa visão estiver introjetada dentro da empresa, esse jeito de pensar e fazer negócios, considerando a sustentabilidade e o impacto positivo como parte fundamental do processo, melhores os resultados e menores as chances de se retornar aos estágios anteriores

Importante também dizer que a transformação é um processo que tem início, mas não tem fim. Mesmo que alguns objetivos sejam alcançados, certamente surgirão outros. Ainda bem!

 


 

Espero que esses 05 pontos possam trazer mais segurança para seus primeiros passos. Eles foram inspirados em uma conversa que tive com a Ana Tomasini, Head de Impacto Socioambiental do Nex Coworking, a qual compartilho com você aqui embaixo.

Nela, compartilhamos experiências e aprendizados, dicas, métodos e caminhos possíveis para que você possa se inspirar. Depois de conferir, que tal me enviar um e-mail dizendo o que achou do papo e do post? E se você gostou, compilamos esse conteúdo em um infográfico para você ter sempre a mão e compartilhar com quem quiser. Para baixar, é só clicar aqui.

Até a próxima!

Post publicado originalmente no dia 22 de Outubro de 2020 no blog da 4D Sustainability

 

Você tem uma experiência sobre esse assunto e quer compartilhar com outros líderes? Clique aqui e escreva seu artigo!

Ou se inspire com esses outros artigos incríveis sobre Liderança:

Como lidar com o erro?, por João Pacifico, CEO do Grupo Gaia. 
A nova liderança exige uma reforma íntima, por  Sofia Esteves, Fundadora do Grupo Cia de Talentos.


Report publication
    000

    Recomended for you