Líder Academy
Líder Academy
Você procura por
  • em Publicações
  • em Grupos
  • em Usuários

As crenças irracionais que minam os líderes

As crenças irracionais que minam os líderes
Cintia Suplicy
jan. 16 - 10 min de leitura
010
Um bom líder assume que nunca está totalmente pronto. Ele sabe que precisa continuar buscando e se desenvolvendo, pois a cada passo em direção ao seu próprio desenvolvimento, abrem-se novas perspectivas em relação ao trabalho, a si mesmo e aos outros.
Os líderes têm falhas como todo mundo. Eles não são perfeitos. E por conta disso, estão suscetíveis a armadilhas que podem assombrar o seu papel como líder.
O maior desafio que temos que lidar não são as metas impossíveis, a pressão por resultados, as demandas excessivas ou a carga horária de trabalho, mas a nossa mente.

No último texto falei sobre como a nossa mente pode boicotar nossos resultados e passei algumas dicas para praticar diariamente para modificar seu padrão mental para um padrão mais saudável e positivo.

Acesse aqui o artigo: "Mudando o Mindset, Mudando os resultados".

As dicas que passei anteriormente ajudam a moldar nosso cérebro. Mas o problema é muito mais profundo. É entender a nossa mente e como ela funciona.

Durante muito tempo fui refém de uma mente com medo, que me jogava bem longe dos meus objetivos. Ainda hoje preciso cuidar para que ela não me pegue de surpresa. Mas hoje sou bem mais consciente de meus gatilhos e tenho estratégias para lidar com eles.

É preciso atenção e presença, em primeiro lugar, para observar os padrões de pensamento para então lidar com eles e compreender qual crença está ligada ao pensamento e como ele te sabota.


Então vamos falar de crenças?

As crenças surgem em nós desde a infância. E são interpretações que o indivíduo desenvolveu sobre si mesmo, sobre os outros e sobre o mundo (Lega, 2002).

São ideias irracionais, quando surgem de uma interpretação distorcida, ou racionais (que são empiricamente verdadeiras), que podem afetar nosso comportamento e o comportamento de todas as pessoas com quem nos relacionamos.

Entender de crenças e de como lidar com elas é fundamental para um líder que busca tanto o autoconhecimento, quanto apoiar seus liderados com suas dificuldades.

Elas são a causa de muitos fracassos e muitos sucessos na nossa vida.

Albert Ellis, psicólogo, criou a Terapia Racional Emotiva Comportamental (TREC), que visa entender como as pessoas desenvolvem seus processos de aprendizagem, percepção, memória e pensamento.

Ellis criou o modelo ABC de crenças, sendo A o acontecimento ativador, B representando os pensamentos e as crenças formadas por ele e C o comportamento que foi ocasionado.

Uma vez que uma adversidade ocorre na sua vida, dependendo da forma como você a interpretar, ela pode ocasionar em uma crença, que pode refletir em seu comportamento todas as vezes que você se deparar com uma adversidade semelhante, como por exemplo, todas as vezes que era criança e fazia algo errado, um adulto (sendo pai, responsável, professor...) gritava com você. Isso pode ter gerado uma crença de que errar não é bom. E você pode temer se arriscar no futuro. O agravante disso é que nem sempre o acontecimento pode ter ocorrido com você. Você pode criar uma crença pelo que ouviu de outras pessoas ou pelo que presenciou acontecer.

A ideia por trás disso é que precisamos aprender a modificar nossos pensamentos para conseguir modificar o nosso comportamento, pois as adversidades dificilmente podem ser modificada depois que elas ocorrem.


Independente de como foram formadas estas crenças, elas existem e afetam o seu comportamento. Veja se você se identifica com algumas das 11 crenças irracionais de Albert Ellis, que direcionei para a liderança:


1. Preciso de amor e aprovação de todos que me cercam

Muitos líderes agem buscando aprovação. Têm medo de contrariar o chefe ou a equipe, utilizam o elogio como combustível, mas não sabem lidar com seus erros ou com nada que seja negativo em relação a sua postura ou suas ações.

Alguns deles acabam deixando seus próprios valores de lado para agradar os outros e para serem bem vistos pela empresa.


2. Para ser valioso, devo conseguir tudo o que me proponho; tenho que ser sempre competente, suficiente e capaz de conseguir alcançar os meus objetivos.

Estes líderes se cobram demais, beiram ao perfeccionismo e são intolerantes à frustração. Para eles, o sucesso está no resultado final. Dificilmente aproveitam o caminho. Estão sempre lá na frente, raramente presentes e com a ansiedade lá em cima.

 

3. Certas pessoas são más e deveriam ser punidas.

Os líderes que têm esta crença podem se basear em apenas um acontecimento para formar seu jugamento sobre o outro. Se alguém fez algo ruim uma vez, deve ser punido para não fazer mais. Quando eles acreditam nisso, acabam sendo levados a punir em vez de educar ou ensinar.

 

4. É horrível e catastrófico quando as coisas não são do jeito que                    gostaríamos que fossem.

Estes líderes têm uma exigência acima da média, e não toleram o erro nem conseguem delegar ou permitir que novas ideias da equipe venham à tona. Acreditam que se não for do jeito deles, o resultado não será bom. Eles tentam prever tudo e se frustram quando as coisas não saem do jeito que planejaram.

 

5. A miséria humana tem origem em causas externas, e as pessoas têm pouca ou nenhuma capacidade de controlar as suas tristezas e perturbações.

      O líder com esta crença tem dificuldade de se responsabilizar pelos seus resultados negativos. Está sempre buscando culpados e acredita que não pode fazer nada para controlar suas tristezas ou perturbações.


6. Devo pensar constantemente que o pior deve acontecer.

Estes líderes são os conhecidos pessimistas, que querem estar preparados para o pior. Eles acabam não arriscando se não tiverem como prever o resultado positivo de suas ações. Esta negatividade extrema acaba afetando o seu próprio bem estar e dos outros ao seu redor.


7. É mais fácil evitar do que enfrentar certas dificuldades ou responsabilidades.

Estes líderes são intolerantes à frustração. Não sabem lidar com o fracasso e com as dificuldades. Escolhem sempre o caminho mais fácil e mais seguro e se mantém em sua zona de conforto, evitando desafios novos,  responsbilidades  ou conflitos.


8. Precisamos nos apoiar em alguém ou alguma coisa mais forte do que nós próprios.

Estes líderes têm dificuldade de confiar neles mesmos e de tomar decisões sozinhos. Estão sempre buscando alguém que lhes diga o que fazer e passam insegurança à equipe.


9. A história passada é um determinante decisivo do comportamento atual; algo que já aconteceu anteriormente e o traumatizou deve continuar a afetá-lo indefinidamente.

Este líder é conformado com sua história de vida, inclusive com o que ocorre em seu dia a dia, acreditando que as coisas ruins vão continuar acontecendo para sempre em sua vida e que pouco podem fazer para mudar seu comportamento ou os resultados.


10.  Devemos nos sentir muito preocupados com os problemas e perturbações dos demais.

O líder com esta crença é aquele que acaba levando os problemas pra casa, que não consegue lidar com os problemas dos outros e acaba abalado com o que os outros estão sentindo.


11.  Invariavelmente, há uma solução precisa, correta e perfeita para os problemas humanos, e se esta solução perfeita não for encontrada, isto é catastrófico.

O líder com esta crença pode ficar meses em um desafio que não tem solução, investindo seu tempo e sua energia para encontrá-la, mesmo que ela não exista. Quando percebe que não tem solução, tem dificuldade de partir para um plano B ou abandonar o desafio/ideia anterior.


E aí, conseguiu se identificar com algumas destas crenças?

É normal termos crenças, por isso sempre falo da nossa mente ser o maior desafio que temos na vida.

Vou te passar um exercício bem simples para que você consiga parar de se sabotar, inspirado em Albert Ellis:

  1. Fique atento(a) e observe a crença que está te incomodando e te impedindo de agir como você gostaria;
  2. Identifique a qual crença irracional de Albert Ellis ela pertence;
  3. Observe esta crença. Conteste-a. Busque provas de que ela é realmente verdade; Exemplo: Se o meu chefe não aprovar o que eu fiz, não serei bem visto por ele. Contestação: sempre que eu fizer algo errado não serei bem visto pelas pessoas?
  4. Escolha um pensamento que possa substituir e que te ajude em seu desafio; Exemplo: se o meu chefe não aprovar o que eu fiz, está tudo bem. Vou conversar com ele e entender melhor o que ele procura.
  5. Observe o seu comportamento.


Repita várias vezes se for preciso. Quanto mais você repetir o exercício, mais você conseguirá internalizar os novos pensamentos, que irão te ajudar a ter resultados diferentes.

A dica é simples. É a constância que fará a diferença nos resultados futuros. Pratique, exercite seu cérebro todos os dias. E se você ainda não leu o artigo anterior, acesse aqui para enteder como você pode exercitar a sua mente.


E lembre-se! O autoconhecimento é a melhor forma de você aprender a lidar com os outros.

Até a próxima!

Cintia Suplicy

Psicóloga, Designer de Organizações Positivas, Mentora de Felicidade e Autenticidade, co-gestora da Líder Academy






Denunciar publicação
    010

    Indicados para você