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Não tenho nada

Não tenho nada
Rodrigo Malfitani
fev. 6 - 4 min de leitura
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Essa semana me peguei em uma das encruzilhadas da vida. Indo para o trabalho, no mesmo caminho que faço quase todos os dias pela manhã, parei em um semáforo onde havia uma senhora. De muletas e sem uma das pernas, pedia ajuda aos que paravam por ali. Já havia a visto por ali, pois está sempre no mesmo local pelas manhãs. Gentilmente abri a janela para falar com ela, e disse que “não tinha nada”. O farol abriu e segui rumo ao trabalho.

Em meu caminho, fiquei pensando qual de nós dois realmente não tinha nada. Afinal, eu tinha acabado de sair de casa após uma boa noite de sono, tomado o meu café da manhã e estava confortável dentro do meu carro com ar condicionado. Já ela, pedia alguns trocados logo cedo pela manhã, lutando por sua sobrevivência ou pelo menos para que conseguisse comer algo ao longo do dia.

Fico imaginando quantas respostas como essa ela recebeu ao longo do dia. Provavelmente a maior parte das pessoas, de dentro de seus carros com a janela fechada, com medo ou receio de ao menos dar uma resposta educada ou mostrar um pouco de empatia com sua condição de subsistência.

Qual de nós dois não tinha nada mesmo? Fácil a resposta né? Vida que segue na triste e comum realidade da nossa metrópole.

Faço uma pausa poética aqui e trago o assunto para o campo da nossa vida profissional. Quantas vezes nos pegamos em posições privilegiadas de liderança e dizemos que “não temos nada”ou “nada podemos fazer” por aqueles que estão embaixo de nós? Quantos desligamentos já vi sendo feitos sem que fosse ao menos dada uma explicação condizente, honesta e transparente por quem estava em uma situação privilegiada?

Mas nem sempre os jogos corporativos são tão claros. Quantas vezes fechamos a nossa janela para àqueles que estão com dificuldades ou passando por um momento turbulento? Mais fácil desligar e seguir nosso caminho, não é mesmo? Cuidar do outro e da equipe é uma premissa para quem assume papel de liderança. Fazer pelo outro e para o outro, se doar e estar pronto para estender a mão sempre que preciso.

Cargos são temporários e títulos são provisórios. Mas a maneira como tratamos as pessoas é o que nos faz sermos lembrados. Principalmente para nossa equipe. Como ajudamos, desenvolvemos ou impulsionamos carreiras de quem está a nossa volta. Como impactamos a vida de quem nos cerca é o que deveria definir “liderar com sucesso”.

Quais oportunidades reais temos criado para nossos times? O quanto realmente temos procurado se interessar pelos problemas e dificuldades do outro? Quanto tempo estamos disponibilizando para que nossos times desenvolvam autoconsciência e ganhem autonomia?   

Em tempos em que as redes sociais impactam profundamente o modo como vivemos e relacionamo-nos, trazendo-nos a todo instante referências de uma vida perfeita, homogeneizando a definição de sucesso, é preciso lembrar que cuidar do próximo pode nos fazer um bem enorme. Sucesso é quando nos sentimos bem com as nossas conquistas pessoais, sem importar o tamanho delas. Não pode medi-lo. Muito menos vendê-lo como produto ou como receita de bolo.

Um bom dia ou ouvir um pouco quem precisa de ajuda, já é um bom começo. Para o padrão de sucesso do Linkedin ou a vida fantasiosa do Instagram, sigo dizendo “não tenho nada”!

#EMFRENTE!




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