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Vulnerabilidade invisível

Vulnerabilidade invisível
Rodrigo Malfitani
ago. 15 - 6 min de leitura
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Conforme vamos saindo da pandemia (pelo menos ao que parece), os efeitos emocionais de quem passou por ela vão ficando cada vez mais evidentes. Relatórios, pesquisas e estudos, vão apontando um número cada vez maior de pessoas com problemas emocionais como estresse, depressão e crises de ansiedade. Casos de burnout, até então uma novidade, se tornam cada vez mais corriqueiros. Mas a liderança das empresas está preparada para lidar com tudo isso?

Quanto tempo a liderança gasta com aqueles que executam funções mais simples ou teoricamente menos importantes? Quantas vezes paramos para ouvir as demandas daqueles que estão mais distantes do “core business” do negócio, pessoas que executam funções básicas ou que não estão na linha de frente com o cliente?

“Toda empresa é como uma grande máquina. Máquinas nunca tem peças sobrando, tem sempre o número exato de peças que precisam.” (fica aqui o registro da falha pela falta de citação do autor da frase, retirada de algum livro que li algum tempo atrás).

Sob essa perspectiva, todos são importantes e com algum papel a cumprir no dia a dia das empresas. Mas ainda há enormes falhas da liderança na gestão dessas pessoas. Se você exerce um papel de líder ou tem um cargo de gestão, faça a reflexão: quando foi a última vez que parou para falar com o faxineiro da empresa, com a “tia do café”, com o estoquista que fica lá no fundo, com o lavador de pratos ou com o ajudante de cozinha recém contratado?

Deixe o banheiro de clientes de um bar ou restaurante qualquer sem limpeza por algumas poucas horas ou até mesmo minutos para que todos se lembrem da importância do faxineiro. Deixem o time do corporativo sem aquele cafezinho quentinho para que todos se lembrem da falta que a “Dona Sônia” da copa faz. Deixe de fazer contato com o “Ezequiel”, que mantém tudo sempre organizado e em dia no estoque, até que ele se desmotive, peça demissão e a vigilância sanitária apareça. Não dê atenção para o ajudante de cozinha que acabou de chegar e não recebeu qualquer orientação sobre suas funções, até que o Chef peça sua produção para soltar os pratos pedidos para a cozinha num sábado de movimento.

Com certeza nunca mais nos esqueceremos dessas pessoas nem da importância do trabalho delas.

Frequentemente eles são “esquecidos”. Àqueles que estão ou são mais vulneráveis, costumam ficar invisíveis no dia a dia. Passamos batidos por eles, esquecendo que fazem parte do time e tem o seu papel a cumprir em toda essa engrenagem.

Infelizmente o mesmo acontece na nossa vida real com os mais necessitados. Vamos nos habituando com os que passam fome ou frio nas ruas. Com os que não tem onde dormir ou que não conseguem mais uma oportunidade de trabalho pois foram “descartados” pela sociedade. Ou os viciados que precisam de tratamento médico e vivem nas ruas em meio a tanto lixo. Passamos a conviver normalmente e fechamos os olhos para essas pessoas que se tornam apenas parte da paisagem cotidiana. Achamos “normal” vermos crianças trabalhando vendendo balas nos semáforos, quando deveriam estar na escola. Nos tornamos indiferentes ao flagelo da humanidade.

Se você está numa posição de liderança, você tem um privilégio. Privilégio gera oportunidade. E oportunidade gera responsabilidade. É o seu papel cuidar de todo o time e das pessoas. É seu papel despertar a confiança de todos para criar um ambiente de trabalho seguro. É sua função ter o olhar, o gesto e o carinho com todos. Mesmo que por pouco tempo. Poucas palavras, um olhar, um cumprimento já podem fazer a diferença. Fazer com que todos se sintam notados e que estão sendo vistos.

Você não precisa ser um super herói nem mudar o mundo. Não precisa vestir uma capa nem reconstruir todo o sistema político. Não precisa ser o CEO da empresa ou até mesmo o síndico do seu prédio. Muito menos criar uma nova política econômica.

Calma! Respire! Inspire e não pire! Comece pequeno. Faça o simples bem feito. Comece com seu time. Com quem está ao seu lado todos os dias. Descubra o nome de cada pessoa, conheça-a com mais profundidade, se interesse pela vida dela, ofereça ajuda, procure saber mais sobre como pode tornar o trabalho dela mais fácil e mais prazeroso. Elogie, procure saber sobre suas vontades, sonhos e desafios, e o que você, como gestor, pode (e precisa!) fazer para que ela atinja esses objetivos.

Cuidar do bem-estar do time, tem como benefício o maior engajamento e comprometimento das pessoas. Equipes que sentem a real preocupação da liderança e da própria empresa com seu bem-estar, tendem a cuidar melhor dos clientes, se envolver e produzir mais, atingir melhores resultados e reduzir a rotatividade. Que tal ter um time de protagonistas prontos para os desafios ao invés de um monte de gente esgotada e sugada pelas funções cumpridas dia após dia de forma randômica?

O mundo pós pandêmico precisa de mais gentileza e hospitalidade. Precisa de mais carinho e mão estendida. De mais "por favor" e "obrigado". Uma pausa para ouvir e criar laços. Oferecer ajuda e sorrir custa muito pouco. Não precisa nem fazer parte do planejamento estratégico da empresa. Mas pode fazer grande diferença para aqueles que são invisíveis aos nossos olhos. O exemplo arrasta. Façamos a nossa parte!

#EMFRENTE!


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